Intérprete chega aos 61 anos com
raízes no passado musical,
mas antenada com a nova geração.
Figura ímpar da música brasileira, pela alta carga de dramaticidade que imprime a cada canção, a cantora baiana Maria Bethânia chega aos 61 anos, nesta segunda-feira, 18 de junho, ostentando o título de única diva em atividade da MPB. Isto porque é a única de sua geração que está no auge da carreira. Ao mesmo tempo em que se permite cantar os clássicos de autores do passado, ela também se mostra uma das melhores intérpretes dos grandes compositores de sua geração, destacando o irmão Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda. Bethânia ainda consegue coerência quando abriga a nova geração sob seu canto. Ana Carolina, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhotto, Chico César, Vanessa da Mata e Lenine estão entre os que lhe deram o passaporte para a contemporaneidade, ao compor enxergando sua interpretação.Além de colegas de ofício, muitos são os que se rendem à sua majestade. Em terras brasileiras, Bethânia se tornou a primeira mulher a superar a marca de 1 milhão de cópias vendidas de um álbum (Álibi, de 1978). Ainda hoje, detém o título de segunda artista feminina que mais vendeu discos na história do Brasil, com 24 milhões de cópias. O primeiro lugar foi cedido pelo público infantil à apresentadora Xuxa, que alcançou 30 milhões de cópias. No site de relacionamento Orkut, são mais de 180 comunidades dedicadas à cantora, algumas nada modestas, como “Bethânia – entidade de luz”.O reconhecimento internacional ao seu talento pode ser expresso na comparação, feita pelo jornal americanoThe New Times, em 1998, entre ela, Billie Holiday e Edith Piaf, sendo estas últimas duas das maiores intérpretes da música mundial.Tudo isso pode ser apontado como resultado da coesão de seus 44 anos de carreira. Ao reverenciar compositores atuais ou do passado, Maria Bethânia torna uniforme um repertório que, a princípio, poderia ser considerado desconexo. Com seu timbre firme e a interpretação dramática, ela praticamente se torna co-autora das canções que entoa. Para os fãs, essas características lhe tornam a última cantora de uma linhagem descendente das “rainhas do rádio”. Os que não gostam do estilo já lhe deram a chancela de “cantora de churrascaria”.Em sua trajetória, Bethânia nunca se rendeu a movimentos musicais e só cantou o que quis. Por isso, brigou com executivos de diversas gravadoras até chegar à independente Biscoito Fino, em 2002, onde aproveita da liberdade para realizar projetos conceituais e corajosos, como Brasileirinho (em que revê a trajetória de formação ultural da nossa gente) e Mar de Sophia e Pirata, estes lançados simultaneamente em 2007, tendo a água do salgada e a água doce como mote criativo. "Só canto o que quero, com quem quero, como e quando quero. Nunca entendi nenhum movimento, porque não tenho paciência. Não posso jamais ser uma cantora de bossa nova, uma cantora de protesto, uma cantora tropicalista. Como cada dia eu quero cantar uma coisa, prefiro não me ligar à nada e a ninguém, para poder cantar o que o meu coração mandar", disse, certa vez. Ao mesmo tempo em que mantêm uma identidade durante toda a carreira, Maria Bethânia é plural. Saravá.
FONTE: http://www.overmundo.com.br/overblog/maria-bethania-maturidade-e-ousadia
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